Gambiarras: A Feira como Território de Inventividade
quarta-feira, 15 de setembro de 2021
Marcadores: Narrativa imagética / Narrativa textualUma travessia textual e imagética sobre as gambiarras das feiras
[A Feira Como Território de Inventividade. Texto de Aline Nicole Barbosa Ramos. Bacharel em design pela Universidade Federal de Alagoas, mestranda pelo PPGAU/UFAL, membro do Grupo de Pesquisa Nordestanças. Trecho retirado do artigo "A FEIRA COMO TERRITÓRIO DE INVENTIVIDADE: O CASO DAS FEIRAS POPULARES DO BAIRRO DA LEVADA, MACEIÓ-AL"]
A tática e o improviso são elementos da atividade do construtor popular que lida com a limitação material e econômica, durante o processo de produção para solucionar os problemas de seu grupo. Em sua maioria tem uma simplicidade de produção, com materiais abundantes do local ou de fácil acesso . O estudo apresentado ocorreu pela observação dos mecanismos táticos, discussão do referencial teórico e da transposição do observado em forma inventário. Através do conceito de gambiarra de Boufleur (2016) pôde ser percebida a inventividade popular como fruto de improviso e analisá-la através da percepção do quadro material pela abundância e a escassez de produtos e pela subversão do modo de produção, indicando as mudanças de uso, forma e/ou função, ampliando a compreensão da invenção popular e relacionando ao design. Tal percepção foi ampliada pelo conceito do fazer fragmentado de Jacques (2007), que pode expor o modo de produção por meio de materiais residuais.
É por meio de adaptações, consertos, reparos e remendos que ocorre a atividade do construtor popular. Com o uso dos artifícios a seu alcance ele transforma o espaço de feira, constrói barracas, faz uso de bacias na exposição de suas frutas e verduras, se trabalha ao sol adapta o guarda-sol para fugir do calor, caso trabalhe em espaço pequeno, pendura seus produtos, abre espaço e molda tudo que o circunda a suas necessidades.
A utilização de ferramentas para novos fins é exposta por Sennett (2015) como elemento que desenvolve a capacidade de criar e improvisar. Estes usos excêntricos fazem parte da capacidade nas invenções populares, não só no uso de novas ferramentas, quanto em novos usos ao objetos como os citados acima são apenas algumas das diversas resoluções que os feirantes encontram para suprir suas necessidades cotidianas.
A gambiarra ou inventividade popular tem como área de origem e atuação a cultura material e a cultura popular e investiga as possibilidades criativas do ser humano.
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